26/07/2020 • • por Andre Massaro

Fontes de receita – Como ganhar dinheiro


No mundo das finanças pessoais (e até mesmo das empresariais), costuma-se falar bastante sobre redução de despesas e otimização de custos. Porém, a verdadeira “força vital” das finanças é a receita. Por isso, é fundamental, seja para um indivíduo ou para um negócio, identificar e desenvolver fontes de receita.

O que são receitas (em finanças pessoais)

Em um contexto de finanças pessoais, as receitas são “o dinheiro que entra” – Simples assim.

É preciso colocar desta forma para diferenciar do conceito formal de receitas e despesas usado nas Ciências Contábeis, que usam o regime de competência (que pressupõe que o evento que gera a receita e a sua liquidação financeira não necessariamente acontecem ao mesmo tempo).

No mundo das finanças pessoais, assumimos que é tudo em regime de caixa. Ou seja, a receita acontece quando o dinheiro entra na conta (ou no bolso).

Isso porque, no mundo das finanças pessoais e da educação financeira, falamos com pessoas de todos os níveis (todo mundo precisa administrar as próprias finanças) e também falamos com pessoas que não estão interessadas em entender conceitos contábeis que, para quem é de outras áreas, soam completamente obscuros.

A matemática das finanças

Aqui, quando falo “matemática das finanças”, é importante não confundir com “Matemática Financeira” (que é um campo aplicado da matemática).

A “matemática das finanças” é muito simples: O dinheiro entra e o dinheiro sai. Se entra mais dinheiro do que sai, temos “poupança” (do ato de poupar – não o produto financeiro). Se sai mais do que entra, temos endividamento. E se sai a mesma quantidade que entra, temos equilíbrio.

É uma questão puramente matemática. Talvez em algum universo paralelo as coisas sejam diferentes, mas no nosso universo, não existe um jeito de fazer com que “quatro” menos “cinco” resulte em alguma coisa diferente de “menos um”.

Por isso, não importa o tamanho do esforço que a gente faça para economizar e gastar menos. Se não estiver entrando dinheiro, nós iremos à falência mais cedo ou mais tarde.
Gastar menos só vai fazer com que essa falência ocorra um pouco mais para frente. Mas se não tivermos fontes de receita, a falência é inevitável.

É por isso que a receita é a “força vital” das finanças. Se não tivermos fontes de receita, consumiremos nossas reservas e nos endividaremos até estarmos “financeiramente mortos” (ou literalmente mortos).

Os tipos de fontes de receita

Todas as receitas se enquadram em dois tipos principais: As receitas de trabalho e as receitas de patrimônio.

1º tipo: Receitas de trabalho

A receitas de trabalho são a remuneração que recebemos por algo que a gente faz.
Esse tipo de receita é fruto direto de alguma ação nossa. Nós fazemos algo e temos um resultado.

No mundo moderno, a receita do trabalho representa o “reconhecimento financeiro” de algo que você fez e que, supostamente, tem valor para alguém.

Seu salário representa o valor que você gera para seu empregador. Seus honorários profissionais (em caso de um profissional liberal) representam o valor que você gera para seus clientes, e assim vai.

Qual o seu verdadeiro valor

Em uma economia razoavelmente eficiente, a remuneração que recebemos por nossa atividade profissional tende a espelhar nosso verdadeiro valor.

Quando a economia funciona sem maiores entraves, pessoas e empresas que estão pagando acima do “justo” por algum serviço vão buscar opções mais baratas. Da mesma forma, profissionais que acham que estão ganhando menos que a média do mercado podem procurar outro empregador ou outros clientes.

Essa disputa entre oferta e demanda de serviços profissionais tende a gerar um ponto de equilíbrio, que reflete o real valor daquele trabalho.

Quando a economia não é eficiente, ocorre o fenômeno do “rentismo” que, ao contrário do que o nome sugere, não é “viver de renda” e sim receber, de forma indevida e arbitrária, uma remuneração acima daquilo que seria o “valor justo” (em termos de mercado) pelos serviços prestados.

Por isso, em uma economia eficiente, a gente não ganha muito e nem pouco – a gente ganha exatamente aquilo que a gente VALE.

E, quem quiser ganhar mais, precisa pensar em formas de gerar mais valor.

2º tipo – Receitas de patrimônio

Patrimônio é “aquilo que a gente tem”. E nosso patrimônio total é a diferença de nossos ativos (as coisas que possuímos e que têm algum valor financeiro) e de nossos passivos (que são nossas dívidas).

Algumas pessoas podem ter, inclusive, patrimônio total negativo, quando a soma das dívidas é maior que a soma dos ativos.

A receita de patrimônio acontece quando temos ativos ociosos e permitimos que outras pessoas utilizem esses ativos, nos remunerando por isso.

Dois exemplos óbvios de ativos com valor são imóveis e o próprio dinheiro.
Se tivermos imóveis e dinheiro, uma coisa que podemos fazer é deixa-los ociosos. Deixamos os imóveis fechados e colocamos o dinheiro debaixo do colchão, e assim eles ficarão. Porém, podemos deixar que outras pessoas usem nossos imóveis e nosso dinheiro, nos pagando por isso.

Quando você deixa alguém usar seu imóvel, esse “alguém” te remunera na forma de ALUGUÉIS.

Quando você empresta seu dinheiro (para um banco, o Governo ou mesmo uma pessoa), você recebe remuneração da forma de JUROS.

Quando você permite que uma empresa use seu dinheiro, você recebe remuneração na forma de LUCROS e PROVENTOS (dos quais o mais conhecido são os DIVIDENDOS).

A receita oriunda do patrimônio também é conhecida pelo nome de RENDA PASSIVA, pois você não recebe pelo trabalho que faz, mas simplesmente por “ter” aquele patrimônio.
E aqui, um conceito muito importante: Não existe renda passiva sem patrimônio.

Qualquer renda que não seja oriunda do patrimônio é uma renda “trabalhada”; e se você trabalhou para obter aquela renda, ele não pode ser, por definição “passiva”.

A origem do patrimônio

O patrimônio é gerado pelo trabalho. Se você tem patrimônio, de duas uma: Ou você trabalhou por ele ou alguém trabalhou (talvez seus familiares das gerações mais antigas) e, hoje, você está se beneficiando do trabalho de outras pessoas.

Por essa ótica, se poderia argumentar que a única fonte de receitas é o trabalho. Porém, o patrimônio (que é criado pelo trabalho) pode gerar receitas por tempo indeterminado, ao contrário do trabalho que tem “início, meio e fim”.

Por exemplo, uma família tradicional, que seja proprietária de um castelo medieval da Europa, já deve ter obtido renda incalculavelmente maior com o imóvel do que o valor do trabalho usado para construí-lo. E esse castelo continuará gerando renda no futuro, por tempo indeterminado.

É a “vaquinha leiteira”. Só que uma vaquinha leiteira potencialmente imortal…

Fontes de receita e a realidade da maioria das pessoas

No mundo, a maioria das pessoas precisa trabalhar para viver. Não importa que tipo de trabalho: se braçal, intelectual, assalariado, eventual…

A realidade da maioria das pessoas é “ter que trabalhar”.

Algumas poucas pessoas têm o privilégio de ter um patrimônio grande o suficiente ao ponto de suprir toda sua necessidade de receitas. Para essas pessoas, o trabalho se torna uma coisa opcional – elas trabalham se quiserem.

Um outro grupo, igualmente privilegiado, mas não tanto, está “no meio do caminho”. São aqueles que têm “algum patrimônio” gerador de renda, mas não grande o suficiente para garantir a tão sonhada independência financeira.

Esses que têm algum patrimônio estão mais perto que a maioria de chegar em uma situação de independência financeira, mas ainda terão que trabalhar um pouco mais para isso.

Fontes de receita imorais e ilegais

As fontes de renda imorais e ilegais também se enquadram nos dois tipos: Trabalho e patrimônio.

A atividade criminosa, por exemplo, tem todas as características do trabalho (ainda que ilegal), pois envolve atividades e riscos.

Outro exemplo: Virar um político corrupto. Ninguém vira um político corrupto “da noite para o dia”. A pessoa vai ter que trabalhar duro até estar em posição de poder se beneficiar dos esquemas de corrupção. E se essa pessoa for colocada nessa posição de forma imediata (por algum parente ou “padrinho” influente), aí podemos dizer que a pessoa está se beneficiando de patrimônio – neste caso, do patrimônio político de alguém.

E tem aquilo que podemos chamar de fontes de receitas “imorais”, que é quando se explora (no mau sentido) as fontes de receita de outras pessoas. É o caso do clássico “golpe do baú” ou de pessoas em idade adulta (e em condições de trabalhar) que se tornam parasitas de pais, avós e outros parentes.

Enfim, o fato de uma fonte de receita ser ilegal ou imoral não a descaracteriza como originária de trabalho ou de patrimônio.

Conclusão

Ter fontes de receita é quase que um “pré-requisito” para se viver em sociedade.
E, quando se fala em fontes de receita, é preciso ter um enfoque bastante amplo, lembrando que até coisas como auxílios governamentais são fontes de receita. Sem fontes de receita, o destino é a falência financeira, seguida pela falência pessoal.

Por isso, uma das principais preocupações das pessoas e, em particular, das pessoas bem educadas financeiramente, é desenvolver e cultivar fontes de receita que sejam sólidas, robustas e, de preferência, bem diversificadas.

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