“Algo trading” é a abreviação de “algorithmic trading” que, em Português, seria, em uma tradução literal, “negociações algorítmicas”.
O Algo Trading se tornou um daqueles termos que está sempre presente em discussões um pouco mais avançadas de investimentos e, mesmo no Brasil, ele é referido na sua forma original, em Inglês.
A expressão corrente em Português que mais se aproxima do Algo Trading seria “robôs de investimento” ou “robôs de trading”. Mas, nos círculos de finanças brasileiros onde esse tipo de assunto é discutido, todos são familiarizados com a forma original.
Em Inglês, o Algo Trading também é conhecido como Automated Trading (trading automático) ou Black-Box Trading (“caixa preta”).
E, neste artigo, vamos entender o que é (e o que NÃO É) o “famoso” Algo Trading ou, se preferir, os “robôs de investimento”.
Algumas definições importantes
O Algo Trading é uma coisa relativamente nova e desconhecida pelo público leigo e, até mesmo, por alguns profissionais de finanças “um pouco parados no tempo”.
E, por ser uma coisa nova e pouco conhecida, é comum que a expressão seja usada de uma forma mais “liberal”, em que as pessoas usam “algo trading” para se referir a coisas que nem sempre se enquadrariam em uma definição mais estrita.
Essencialmente, o Algo Trading é o uso de fórmulas matemáticas (daí o “algorítmico”) e de ferramentas tecnológicas para EXECUÇÃO DE ORDENS no mercado financeiro.
As “ordens”, para aqueles que não estão familiarizados com o jargão, são os “comandos” que enviamos para a corretora (ou diretamente para o mercado onde um ativo está sendo negociado) para executar uma compra ou uma venda de um ativo financeiro.
Hoje, em praticamente todos os mercados financeiros, as ordens são comandos eletrônicos e os algoritmos são usados para automatizar o envio dessas ordens, conforme critérios que são definidos pelo responsável pela estratégia de investimentos.
Então, já temos uma informação importante para entender o que é, de fato, o Algo Trading: É um algoritmo para execução automatizada de ORDENS.
Ele está vinculado à EXECUÇÃO das operações, e não, necessariamente, à ESTRATÉGIA.
É importante saber diferenciar EXECUÇÃO de ESTRATÉGIA.
A relação (e a diferença) entre Algo Trading e Trading System
Não há uma definição oficial ou “escrita na pedra” sobre o que é um Algo Trading ou um Trading System. Por isso, muitas vezes, vemos pessoas usando essas duas expressões de forma “liberal” ou, mesmo, intercambiável.
Então, vamos lá… E, se as coisas estiverem começando a ficar um pouco obscuras para você, dê uma olhada em um artigo, aqui do site, chamado “O que é um Trading System” (poderá ajudar).
Mas, enfim, um Trading System é um “sistema” que define os parâmetros de compra e venda de um ativo financeiro conforme uma determinada estratégia.
Tipicamente, um trading system vai “dizer” quais ativos financeiros devem ser comprados ou vendidos, em que momento e em que quantidade. O trading system dará essas “diretrizes” de investimento baseado em parâmetros pré-estabelecidos.
Por exemplo, um trading system pode ser baseado em uma estratégia de cruzamento de médias ou rompimento de canais (a famosa estratégia de trend following), em estratégias de arbitragem estatística (como o long & short) ou mesmo em estratégias fundamentalistas, baseadas em indicadores financeiros.
Um trading system é um “sistema”, no sentido de ser “um conjunto de regras”. Um “conjunto de regras” é, tecnicamente falando, um algoritmo – daí vem essa “confusão” (se é que se pode dizer assim) entre as duas coisas.
Porém, essas regras (do Trading System) não necessariamente são um software de computador e não necessariamente estão associadas à uma execução automática das ordens. E, como já vimos, no contexto geral das finanças, a expressão “Algo Trading” é mais associada ao algoritmo de EXECUÇÃO (automatizada) do que à estratégia.
É possível, por exemplo, que um investidor use um trading system para dizer “o que, quando e quanto comprar ou vender”, mas que a execução de ordens seja totalmente manual.
Porém, um trading system pode ser totalmente automatizado – inclusive na execução das ordens. Neste caso, podemos dizer que o Trading System (que é um algoritmo de seleção de ativos) está associado a um Robô (um algoritmo de execução).
Então, observe que um Trading System e um robô não são a mesma coisa (apesar de muitos usarem as expressões de forma intercambiável – especialmente quando os dois estão combinados, formando “um pacote só”).
Inclusive, é possível ter uma coisa sem a outra: Um Trading System pode ter execução manual (não há um “robô” executando as ordens), e um robô pode estar executando, de forma automatizada, estratégias discricionárias de um investidor ou gestor de investimentos “humano”.
As origens dos robôs de investimento
Os robôs de investimento, tais como os conhecemos hoje, surgiram nos anos 80, nos EUA.
A principal função dos robôs era “fatiar” grandes ordens para investidores institucionais (algo que é feito ainda hoje), de forma a poderem vender e comprar grandes quantidades de ativos sem distorcer os preços.
Por exemplo, ao invés de colocar uma única ordem de venda de ações no valor de centenas de milhões de dólares, um grande fundo de investimento usa o Algo Trading para fragmentar essa quantidade em ordens menores, que são enviadas aos poucos (para não causar aquele efeito de “um elefante caiu na piscina”).
Em um caso assim, o robô é programado com critérios (que podem ser de preço, volume, tempo ou outros) para ir colocando essas ordens aos poucos, até “completar”.
Os robôs também são usados por formadores de mercado, que precisam (até por questões contratuais) manter, permanentemente, ordens de compra e venda em aberto em determinados ativos. Os robôs fazem a gestão automática dessas ordens.
High-Frequency Trading (HFT)
Hoje, muitos robôs de investimento fazem aquilo que se chama de “operações de alta frequência” (High-Frequency Trading ou HFT), que são operações extremamente rápidas, que ocorrem em frações de segundo e que são invisíveis ao olho humano. Elas sequer podem ser “observadas” no livro de ofertas.
O HFT é usado, principalmente, para fazer operações de arbitragem entre ativos iguais em mercados diferentes.
A operação de arbitragem de ativos iguais é uma estratégia, virtualmente, “sem risco”. O único risco é o risco operacional (de não conseguir executar uma das “pontas” da operação). Por isso, para viabilizar esse tipo de estratégia, velocidade é FUNDAMENTAL – afinal, só “leva” quem chega na frente…
E, de algum tempo para cá, começou uma verdadeira “corrida armamentista” entre grandes investidores institucionais, para ver quem consegue fazer o robô mais rápido. E isso envolve não só o algoritmo, mas também o hardware.
Alguns bancos e fundos de investimento têm computadores e estruturas de comunicação de “nível militar”. Tudo isso para assegurar a máxima velocidade possível.
O Algo Trading e o pequeno investidor
O mundo do Algo Trading é fortemente associado com os grandes fundos e investidores institucionais, que precisam movimentar “caminhões” de ações e outros ativos sem causarem um abalo sísmico nos preços.
Porém, pequenos investidores e traders individuais também têm acesso aos robôs.
Muitas corretoras oferecem aos seus clientes “de varejo”, de forma direta ou através de plataformas de terceiros, a possibilidade de automatizar o envio de ordens.
Algumas plataformas de análise técnica voltadas para investidores individuais fazem o roteamento (o “encaminhamento) das ordens para a corretora. E oferecem a possibilidade de fazer isso segundo critérios de programação definidos pelo próprio usuário.
Ou seja, essas plataformas permitem, efetivamente, que os usuários criem seus próprios “robôs”. E o mais interessante é que, no caso de estratégias baseadas em indicadores técnicos, é possível programar as duas coisas, a estratégia e a execução.
Ou seja, as ferramentas existem e são acessíveis ao pequeno investidor e ao trader individual. Basta saber usar…
Comentários
Muito esclarecedor. Obrigd.