04/06/2020 • • por Andre Massaro

Como se organizar financeiramente


Se organizar financeiramente não é uma coisa boa, apenas, para o seu dinheiro. É uma coisa boa para a sua cabeça, para a sua saúde e para a sua qualidade de vida. Os “problemas financeiros” (eu sempre gosto de colocar isso em aspas, pelo motivo que está no link) são, notoriamente, uma causa de stress, de problemas de saúde e uma fonte de instabilidade familiar e profissional.

Por isso, neste artigo, vou colocar orientações e passos detalhados que vão te ajudar e ensinar como se organizar financeiramente, de forma lógica, consistente e definitiva.

Os tipos de ações para se organizar financeiramente

Nós vamos classificar as ações para se organizar financeiramente em três categorias:

  • Ações de curto prazo: São ações de aplicabilidade imediata. São aquelas coisas que você deve fazer “pra ontem”.
  • Ações de longo prazo: São ações que levam a situações importantes para sua tranquilidade financeira, mas que, para a maioria das pessoas, precisam ser “construídas” ao longo de um período de tempo.
  • Ações recorrentes (hábitos): São ações que devem ser incorporadas, à sua vida, de forma permanente. Idealmente, esse tipo de ação se torna um hábito – algo que você vai acabar fazendo “no piloto automático”, sem pensar.

Ações de curto prazo

Adote uma ferramenta de controle financeiro

Um dos maiores erros financeiros que as pessoas cometem é confiar na memória para se planejar. Nossa memória não é uma ferramenta muito eficiente (e nem confiável) para a organização financeira. Nossa memória distorce dados e “esquece” de informações, especialmente aquelas de menor valor.

É por isso que muitas pessoas ficam surpresas ao descobrirem que “as contas não fecham”. É porque a memória delas tinha uma informação que não “bate” com a realidade.

Por isso, é FUNDAMENTAL que se adote uma ferramenta de registro de dados e controle financeiro.

E qual seria a ferramenta mais adequada? Bem… O mundo atual não sofre, exatamente, da “falta” de ferramentas. Existem inúmeros aplicativos (gratuitos e pagos), planilhas diversas e, se você prefere alguma coisa mais offline, até mesmo o bom e velho caderno está valendo.

Inclusive, se você busca uma planilha de controle financeiro já pronta (e muito eficiente), você encontra aqui no site, na seção de downloads. Ou, então, é só clicar aqui.

Seja como for, escolha uma ferramenta. E não precisa tomar muito tempo nessa seleção – você não vai se “casar” com a ferramenta (sem direito a divórcio). Se não se adaptar ou preferir outra, você pode mudar depois.

O que você PRECISA é ter suas informações financeiras em algum lugar que NÃO seja na sua memória. A memória é a única ferramenta que não deve ser usada.

Faça um inventário de suas dívidas

Ter uma vida financeiramente desorganizada não é sinônimo de ter dívidas. De forma análoga, é possível ser uma pessoa extremamente organizada financeiramente e ter grandes (e severas) dívidas.

Se você não tiver dívidas, pode pular este passo. Porém, quero chamar a atenção para uma coisa: Muitas pessoas consideram “dívidas” apenas aquelas dívidas que estão em atraso (inadimplência). Isso não é correto. Parcelas de financiamentos (ainda que em dia) e saldo pendente em cartões de crédito também são dívidas.

Mas, caso você tenha dívidas, faça um inventário delas, listando cada dívida, seus custos (juros), seus prazos para pagamento e vencimento e quais as penalidades caso não sejam pagas.

Faça um inventário de seus ativos

Seus ativos são tudo aquilo que você tem e que, de alguma forma, têm valor financeiro. Se você tem uma casa e mora nela, ela é um ativo (ainda que você não tenha nenhuma intenção de vendê-la).

Se você tem um carro, ele também é um ativo. Eu sei que você leu naquele famoso livro que mistura autoajuda com finanças pessoais que “sua casa e seu carro não são ativos”. Mas deixa eu te contar uma coisa: eles são. Se algo tem valor financeiro e pode “virar dinheiro”, é um ativo. E não acredite em tudo o que você lê (inclusive aqui neste site).

Entre outros ativos estão seus investimentos (se tiver), dinheiro (físico ou em bancos) e qualquer outra coisa à qual você consiga atribuir um valor.

Coloque tudo numa lista e procure atribuir, a cada item, um valor realista (de mercado) e uma classificação de liquidez (um bem de baixa liquidez é aquele difícil de vender; bens de alta liquidez se transformam em dinheiro rapidamente).

Aproveite o processo e tente descobrir ativos que estejam ocultos ou “escondidos”, como créditos fiscais, empréstimos que você fez para outras pessoas e esqueceu de cobrar e coisas do gênero.

Faça um inventário de suas fontes de receita

Ponha, numa lista, as fontes de receita de todos os membros de sua família. Rendas de atividades profissionais, de atividades eventuais (como “bicos” e trabalhos esporádicos) e renda passiva, se tiver.

Verifique qual é o valor líquido mensal dessas fontes de receita e, para aquelas que não são regulares, faça uma estimativa.

Faça um inventário de suas despesas

A identificação e controle das despesas costuma ser a grande fragilidade das pessoas que não conseguem se organizar financeiramente. Aqui é onde costuma estar a verdadeira “pedra no sapato”.

Faça uma lista detalhada de suas despesas (a ferramenta de controle financeiro, que foi mencionada anteriormente, provavelmente te ajudará nesta parte). Procure ser bastante específico e detalhado (as despesas de pequeno valor costumam nos enganar) e procure ter uma visão bastante clara de quais são suas despesas fixas e variáveis.

Identifique oportunidades de reduzir gastos

No processo de inventário das despesas, muito provavelmente, você já vai identificar gastos que são supérfluos ou desperdícios e poderá tomar medidas que vão resultar, de imediato, em mais dinheiro sobrando.

De qualquer forma, faça um estudo mais detalhado de suas despesas e veja aquilo que pode ser reduzido ou, pelo menos, otimizado. Procure identificar, em especial, aqueles gastos que, se reduzidos ou eliminados, não terão impacto negativo relevante em sua qualidade de vida.

Ações de longo prazo

Elimine as dívidas (se tiver)

Bem, você fez seu inventário de dívidas. Agora é a hora de começar a se livrar delas…

Para a maioria das pessoas que têm dívidas, falar, simplesmente, “pague as dívidas imediatamente” não é uma coisa realista. A eliminação das dívidas é um processo que tende a se desenvolver ao longo do tempo e é preciso priorizar.

Veja quais são as dívidas com custos mais altos (você fez o inventário exatamente para isso) e pague essas primeiro. Se não for possível pagar, tente trocar essas dívidas mais caras por outras mais baratas (aquilo que, no jargão das finanças, se chama de “reestruturação de dívidas”).

Forme uma reserva de emergência

Como foi dito antes, o nível de organização financeira não tem relação direta com a situação financeira. Uma pessoa pode ser riquíssima e ter uma vida financeira caótica (provavelmente não será rica por muito tempo, mas é uma situação possível). Da mesma forma, uma pessoa pode estar completamente afundada em dívidas, mas ter uma organização primorosa…

Se você tem dinheiro sobrando, a constituição de uma reserva de emergência será uma coisa de curto prazo – basicamente é alocar o dinheiro para essa reserva.

Se você não tem dinheiro, pode ser que demore um pouco para formar essa reserva. Mas ela é fundamental para sua segurança e tranquilidade – precisa ser tratada como uma coisa prioritária.

Invista

Aqui, vale o mesmo raciocínio do tópico anterior. Se você já tem dinheiro, pode ser apenas uma questão de redefinir sua carteira de investimentos e deixá-la mais eficiente e mais adequada às suas necessidades. Isso é uma coisa de curto prazo.

Porém, se você não tem dinheiro, é algo que fica para o longo prazo. E, importante, um portfolio de investimentos (com objetivo de crescimento ou geração de renda passiva) é algo que vem DEPOIS da reserva de emergência. Não inverta a ordem das coisas!

Ações recorrentes (hábitos)

A ferramenta financeira (de novo)

Lembra quando falamos, no começo do artigo, sobre a seleção de uma ferramenta de controle e organização financeira? Pois é, se você já escolheu uma, já é um grande progresso.

Porém, essas ferramentas não funcionam sozinhas. É preciso inserir os dados regularmente e fazer as análises. Não adianta selecionar uma ferramenta e, simplesmente, “esquecer” dela.

O uso da ferramenta deve se tornar um hábito e, à medida que esse hábito se consolida, você vai ter mais clareza do que precisa em uma ferramenta. Nesse ponto, você pode ir experimentando outras ferramentas até descobrir aquela que se adapta, perfeitamente, às suas necessidades.

Investimentos

Falamos sobre investimentos na parte de “ações de longo prazo” – sobre “formar uma carteira de investimentos”. Só que esse processo não para por aqui.

Uma reserva de emergência, idealmente, tem um valor definido (por exemplo, o equivalente a um ano de suas despesas). Mas uma carteira de investimentos pode ir crescendo ad infinitum.

Quando se está começando uma carteira de investimentos, é natural (e desejável) fazermos um esforço maior (em termos de aportes) para ela crescer mais rapidamente. Mas, depois que ela adquire um certo volume, o ideal é definir um percentual da renda mensal (idealmente algo entre 10 a 20%) para fazer aportes constantes e regulares.

Conclusão

Se organizar financeiramente é uma das melhores coisas que alguém pode fazer a si próprio. Os ganhos que a organização financeira proporciona, em termos de qualidade de vida, são difíceis de mensurar.

Mais difíceis ainda de mensurar são ganhos em termos de saúde e equilíbrio emocional. Implementar as ações sugeridas neste artigo é uma forma de eliminar (ou ao menos controlar) a ansiedade financeira e cria as bases para que você possa conquistar, entre outras coisas, a tão sonhada liberdade financeira.

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