“Custo de oportunidade” é um conceito que vem da Economia e que representa os benefícios perdidos de uma escolha que NÃO FIZEMOS.
O custo de oportunidade é aquilo que a gente “deixa de ganhar” quando fazemos uma escolha e não fazemos outra. E é um conceito que pode ser usado em TODOS os eventos da vida que exijam decisões de escolha entre mais de uma opção.
A origem do custo de oportunidade
O custo de oportunidade surge por causa de um “fato da vida”.
Nosso tempo é limitado, nossos recursos são limitados, nossa atenção é limitada e, salvo raras exceções, não conseguimos fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Então, o custo de oportunidade é um conceito que deriva da pura e simples observação da Natureza.
Animais consideram, ainda que de forma intuitiva, o custo de oportunidade ao selecionar suas presas ou seus parceiros sexuais.
Quando vemos uma fêmea “se fazendo de difícil” para os machos pretendentes, ela está considerando o custo de oportunidade. Isso porque o “investimento” dela é alto (mais tempo de gestação, vulnerabilidade etc.) e ela não pode ser inseminada por todos ao mesmo tempo.
Cada escolha é uma renúncia
O fator mais “fundamental” a ser considerado no custo de oportunidade é o tempo.
Nosso tempo é limitado e não conseguimos fazer muitas coisas simultaneamente.
Se você resolver sair hoje à noite com seus amigos e ir no “Boteco do Zé”, você estará abrindo mão de ir em outro lugar. E sabe-se lá o que você ganha ou perde ao fazer essa escolha…
Se o homem ou mulher de sua vida estiver, nesta noite, no “Bar do João”, a chance do “match perfeito” foi perdida para sempre…
Por isso, toda escolha envolve algum tipo de perda – isso é inevitável.
E nunca é demais lembrar que “não escolher” também é, por si só, uma escolha… e toda escolha é uma renúncia.
Entender o conceito de custo de oportunidade é algo que vai te possibilitar fazer escolhas mais racionais, que MINIMIZEM SUAS PERDAS (sabendo que perdas são inevitáveis, pois não se pode ter tudo ao mesmo tempo).
A fórmula do custo de oportunidade
A fórmula básica do custo de oportunidade é, essencialmente, a diferença entre o retorno daquilo você PODERIA fazer e daquilo que você DECIDIU FAZER.
Se o resultado dessa conta for NEGATIVO, significa que o seu retorno esperado está acima do custo de oportunidade.
Se o resultado por POSITIVO, o custo de oportunidade é maior que o retorno (neste caso, a melhor decisão é NÃO FAZER aquela escolha).
Para grande parte das situações da vida, esse cálculo é intuitivo.
Em outras situações, esse cálculo precisa ser um pouco mais elaborado, especialmente por conta da presença do fator RISCO.
O custo de oportunidade nos investimentos
O conceito “econômico” de custo de oportunidade vem, exatamente, do mundo dos investimentos.
Não só investimentos em ativos financeiros, mas, também, investimentos produtivos (como fazer uma nova fábrica ou comprar uma nova máquina industrial).
As decisões de investimento são daquelas que envolvem uma complexidade maior, em que não se pode, simplesmente, pegar o retorno de “A”, de “B” e subtrair um do outro. É preciso considerar o RISCO.
Por exemplo, uma opção (derivativo) tem um potencial de valorização na casa de milhares por cento, enquanto um título público tem um potencial de valorização extremamente limitado.
É extremamente injusto comparar os dois de forma “direta”, só pelo retorno e sem considerar o risco (que é infinitamente maior na opção).
No mundo dos investimentos, é comum se analisar o custo de oportunidade de duas formas:
1- Comparando com um ativo “livre de risco”
Ativo “livre de risco” é o ativo financeiro de menor risco em uma economia, que é, tipicamente, um título de renda fixa do Governo.
A coisa mais “feijão com arroz” que você poderia fazer com o dinheiro é investir em um título público, a um risco, virtualmente, de ZERO.
Então, consideramos que o retorno de um título público é o seu custo de oportunidade, pois é aquilo que você poderia receber sem correr risco nenhum (ou quase nenhum).
Se o investimento que você quer fazer não tiver um retorno significativamente acima daquele de um título público, isso significa que o custo de oportunidade é MUITO ALTO.
1- Comparando retornos ajustados pelo risco
Todo ativo financeiro tem uma composição de risco e de potencial de retorno.
Uma das métricas para se apurar esse “mix” entre risco e retorno é o chamado “Índice de Sharpe”, uma fórmula matemática usada para saber qual é o retorno de um ativo ajustado pelo seu nível de risco.
Uma forma de saber qual é o custo de oportunidade de um investimento é comparando seu Índice de Sharpe com o de outros ativos. Se houver outro ativo (além daquele que você escolheu investir) com Índice de Sharpe mais favorável, aquilo representa, para você, um custo de oportunidade POSITIVO (pois você poderia investir em outro ativo com retorno ajustado melhor).
Custo de oportunidade nos negócios
No mundo dos negócios, o custo de oportunidade é usado para análise de investimentos em ativos não financeiros, como máquinas, projetos, instalações físicas etc.
Uma empresa precisa saber se o retorno esperado da construção de uma nova fábrica será superior ao retorno de um ativo financeiro típico (por exemplo, um título de renda fixa).
Se não for superior, faz mais sentido distribuir aquele dinheiro aos sócios ou acionistas para que invistam da forma que acharem melhor.
Outros exemplos de custo de oportunidade
O custo de oportunidade nem sempre está explícito. Às vezes, a gente precisa “deduzir” qual é esse custo para fazer comparações.
E existem situações em que o custo de oportunidade não é quantificável – ou seja, não se consegue atribuir um valor numérico ou um preço a ele.
Por exemplo: Hoje à noite você pode sair com o Zezinho ou o Luizinho… Qual seria o custo de oportunidade de sair com Zezinho e rejeitar o Luizinho?
Talvez, você não consiga atribuir um preço ou uma “nota” aos dois pretendentes, mas, intuitivamente, a pessoa é capaz de avaliar os “prós e contras” e tomar uma decisão.
Exemplos:
Casamento
Você tem dois pretendentes a subir no altar com você. O que você “perderia” se escolhesse “A” ao invés de “B”?
Ou, ainda, você pode escolher entre a vida de casado e a vida de solteiro. O que você “perde” se optar pelo casamento ou pela solteirice?
Estudos
A escolha de uma profissão é uma das decisões mais críticas que uma pessoa toma. Quais são os custos de oportunidade de estudar Administração ao invés de estudar Medicina?
Ou, ainda, quais são os custos de oportunidade de se fazer um ensino superior ou, simplesmente, tentar desenvolver uma carreira profissional (ou um negócio próprio) sem ir para a faculdade?
Carreira profissional
Imagine que você tem duas propostas de emprego. Qual escolher?
A análise do custo de oportunidade é fundamental. Você vai considerar o salário e os outros fatores não financeiros (como benefícios, distância, ambiente de trabalho etc.).
Escolher, simplesmente, “qual paga mais” não é uma escolha sensata (a não ser que uma das opções pague INDECENTEMENTE MAIS), assim como, em um investimento, não devemos escolher, simplesmente, aquele que dá retorno maior.
É preciso, em uma decisão de carreira, aplicar algo similar ao “Índice de Sharpe”, que combina os retornos esperados e os riscos. Só que combinando o ganho financeiro com os demais fatores não financeiros.
Ou, então, quando uma pessoa resolve que “ficou de saco cheio” de seu trabalho atual resolve mudar de carreira. Quais são os custos de oportunidade de se manter na carreira atual e quais os de prosseguir com a mudança?
Do que a pessoa terá que “abrir mão” se optar pela mudança?
O jantar
Você tem duas opções para o jantar de hoje: Ir na pizzaria ou na lanchonete.
Você não pode estar nos dois lugares simultaneamente. Se optar pela lanchonete, poderá deixar de comer a melhor pizza da sua vida (vamos imaginar que o pizzaiolo esteja em um dia particularmente inspirado…).
E se aquela fosse a sua última refeição? O que você escolheria?
Conclusão
O custo de oportunidade é um daqueles conceitos de Economia que podem ser aplicados em qualquer situação da vida.
O estudo dos custos de oportunidade é algo que acontece naquela área da Economia chamada de Microeconomia (que é o estudo dos agentes econômicos individuais). E, inclusive, já comentei em um outro artigo que o conhecimento de Microeconomia é um “superpoder”, que dá às pessoas uma capacidade superior de entender as cadeias de incentivos por trás das relações e interações humanas e econômicas.
No caso do custo de oportunidade (que é um dos assuntos estudados em Microeconomia), além desse entendimento superior das relações entre os agentes econômicos, você terá, também, condições e conhecimento para tomar decisões mais racionais e mais acertadas, com maiores chances de sucesso e menores chances de gerarem arrependimento e remorso.