28/12/2020 • , • por Andre Massaro

Diversificar investimentos – A melhor forma de controlar os riscos


Quando se trata de gerenciar riscos nos investimentos, a diversificação ainda é a “ferramenta número um”. Diversificar é uma das coisas mais simples (e mais eficazes) que um investidor pode fazer.

O que é diversificação

Diversificação de investimentos é uma estratégia de gerenciamento de riscos. A melhor forma de traduzir a estratégia de diversificação é através daquela famosa metáfora da cesta e dos ovos, que diz que “não devemos colocar todos os ovos na mesma cesta”.

Ao distribuir os ovos em diferentes cestas, caso uma delas caia no chão, perderemos os ovos daquela cesta. Mas preservaremos os demais que estão nas outras cestas.

Obviamente, nós procuramos tomar todas as precauções para que nenhuma cesta caia no chão, mas, ocasionalmente, isso vai acabar acontecendo. Então, observe que a diversificação é uma estratégia REATIVA, pois ela não está focada em EVITAR que uma perda ocorra.

O foco da diversificação é REDUZIR A PERDA caso as medidas preventivas (que são estratégias ATIVAS – e não reativas) falhem e não se consiga evitar que um evento ruim aconteça.

Diversificar é um ato de humildade

A essência da diversificação está na… humildade! Humildade no sentido de reconhecer que “coisas ruins acontecem” e que não temos nenhum controle sobre os acontecimentos futuros.

E, mais que isso: Por mais que tomemos todas as precauções, não podemos evitar que essas coisas ruins aconteçam. Podemos até reduzir bastante a probabilidade de que aconteçam, mas nunca evitar por completo.

Em um mundo ideal, nossas análises e decisões seriam perfeitas, tudo seria previsível e as coisas jamais dariam errado. Só que, no mundo real, as coisas dão errado com mais frequência do que gostaríamos. Por isso, o melhor que podemos fazer é adotar medidas para diminuir o impacto desses eventos ruins quando (e se) eles acontecem.

Estratégia de diversificação de investimentos – conceitos básicos

Um dos princípios fundamentais das finanças é que existem duas categorias de riscos financeiros: os riscos sistemáticos e os riscos específicos.

Riscos sistemáticos são riscos que não podem ser gerenciados através de diversificação. São riscos que afetam os mercados como um todo. Já os riscos específicos dizem respeito a um ativo ou uma classe de ativos (como uma ação em particular ou um segmento econômico).

Os riscos específicos podem ser gerenciados através de uma estratégia de diversificação de investimentos, pois podemos reduzir nossa exposição a um ativo ou segmento econômico em particular, simplesmente, distribuindo o dinheiro em classes de ativos diferentes.

As diversas classes de ativos e segmentos da economia têm características próprias e reagem de forma diferente às diversas circunstâncias de mercado. Tem aqueles ativos que “vão bem quando tudo está bem” e aqueles que têm um desempenho melhor em épocas de crise e recessão.

Por isso, distribuir os investimentos entre esses diferentes ativos (ou categorias de ativos) vai fazer com que sua carteira fique mais “equilibrada”, com os retornos positivos de alguns ativos contrabalançando as perdas de outros.

Como diversificar investimentos corretamente

Uma coisa importante de se observar é que diversificar não é, simplesmente, “espalhar” os investimentos de qualquer jeito.

Para se obter esse efeito de “o desempenho bom de um ativo compensa o desempenho ruim de outro” é preciso observar uma coisa chamada CORRELAÇÃO.

Correlação é uma medida estatística que mensura a interdependência entre duas variáveis. Mas, se você é daquelas pessoas que sentem calafrios de pensar em qualquer coisa que envolva matemática, continue lendo, pois o conceito de correlação, no mundo dos investimentos, pode ser entendido de forma bastante intuitiva.

Falando (ou tentando falar) de forma simples, a correlação entre dois ativos financeiros diz “o que um ativo faz quando o outro faz determinada coisa”. Por exemplo, quando o ativo “A” se valoriza, o ativo “B” pode se valorizar, se desvalorizar ou pode, simplesmente, não acontecer nada.

Se os ativos “A” e “B” se valorizam simultaneamente, dizemos que eles têm correlação positiva. Se o ativo A se valoriza e o B se desvaloriza, dizemos que eles têm correlação negativa ou inversa. Já se os ativos A e B não tem “nada a ver” um com o outro, dizemos que eles são descorrelacionados.

Numa carteira de investimentos, devemos colocar ativos que tenham correlação negativa ou que sejam descorrelacionados. Se colocarmos ativos que tenham correlação positiva, basicamente, teremos uma diversificação que “não adianta nada”.

Se você fizer uma carteira com dez ações, mas essas dez ações são de um único segmento (por exemplo, são dez ações de bancos), a sua diversificação não vai servir para nada. Você estará com 100% de concentração nos riscos do setor bancário.

Por isso, ressalto novamente que “diversificar” não é, simplesmente, “sair espalhando” os investimentos de qualquer jeito. É preciso ter estratégia e observar as correlações.

Diversificando uma carteira de forma intuitiva

Como havia dito anteriormente, a correlação entre ativos pode ser entendida de forma intuitiva.

Uma pessoa com conhecimentos rudimentares do mercado financeiro sabe (ou deveria saber) que existe uma correlação negativa entre juros e bolsa de valores. Quando os juros sobem, a bolsa tende a cair e vive versa. Por isso, é interessante ter parte de sua carteira em renda variável e parte em renda fixa (pois uma compensa a outra).

No mundo da renda fixa, sabemos que títulos pós-fixados ganham com a alta dos juros e prefixados perdem. No mundo da bolsa, sabemos que algumas empresas tendem a se valorizar em períodos de crise e outras perdem. Sabemos que empresas exportadoras ganham com o dólar alto e empresas importadoras perdem.

Não é preciso fazer cálculos estatísticos para entender isso. Uma pessoa com conhecimentos básicos de finanças e economia conseguirá inferir, de forma intuitiva (e com resultados satisfatórios) o que é uma carteira de investimentos bem diversificada.

Diversificar outros aspectos da vida

A estratégia de diversificação é uma ferramenta de gerenciamento de riscos tão eficiente que ela pode ser aplicada em vários aspectos da vida (e não só nos investimentos).

Por exemplo, diversificar nossos conhecimentos e habilidades faz com que sejamos pessoas mais “interessantes”, saudáveis e nos leva próximo daquilo que se chama de “flexibilidade cognitiva” (que é uma fortíssima manifestação de inteligência).

Também é possível diversificar nossas fontes de renda, de forma que fiquemos menos vulneráveis às flutuações da economia e menos dependentes, por exemplo, de um emprego (inclusive, confira meu curso “Múltiplas Fontes de Renda”, que vai te ajudar a planejar e aplicar os conceitos de diversificação às suas fontes de renda).

Conclusão

A diversificação é um dos conceitos básicos dos investimentos e deve ser observado por todos os investidores.

Neste artigo, abordamos alguns conceitos mais áridos (como a questão das correlações – ainda que em uma abordagem superficial), mas é possível aplicar a diversificação de forma intuitiva – basta lembrar da metáfora dos ovos e das cestas…

E vimos que a diversificação não é uma coisa limitada aos investimentos. Em, praticamente, todos os aspectos da vida, a diversificação pode ser aplicada e ela nos ajuda a diminuir nossa vulnerabilidade aos efeitos de diversos tipos de risco.

    Quer se manter atualizado?

    Assine minha newsletter e fique sabendo, em primeira mão, sobre meus artigos e vídeos. E receba, ainda, conteúdos EXCLUSIVOS.

    Leia também:

    Comentários

    Comente