Como dizem alguns, empreender no Brasil é um ato de heroísmo (ou de loucura). Mas não é só o Governo e o próprio ambiente econômico que “jogam contra”. Existe, também, uma infinidade de golpes contra empreendedores – especialmente pequenos empresários que estão começando seus negócios.
Neste artigo, vou listar alguns exemplos mais comuns de golpes contra empreendedores. Se você tem (ou já teve) seu próprio negócio, provavelmente vai reconhecer alguns desses golpes.
1- O “golpe do boleto falso”
Este é um “clássico” do mundo dos golpes contra empreendedores.
Eu não conheço nenhum empreendedor (de um MEI até um acionista majoritário de S.A.) que não tenha, em algum momento, recebido algum boleto falso para pagar.
Esses boletos costumam vir “disfarçados” de taxas e contribuições para associações fajutas (com nomes que as fazem parecer legítimas), supostas multas ou penalidades (que deixam empreendedores de primeira viagem assustados) ou serviços irrelevantes e redundantes (do tipo “te cobrar” para abrir uma MEI – algo que você faz de graça).
Os “alvos” desses boletos falsos são empresários assustados ou, então, “atolados” em pagamentos e tarefas repetitivas, que acabam não prestando atenção ao que estão pagando.
Funcionários sobrecarregados e desatentos também são um alvo desses golpistas.
O golpe do boleto falso é aquilo que, em Inglês, se chama de numbers game (“jogo de números”, em tradução literal e sem respeitar o significado original do termo). Os golpistas lançam “um monte” de boletos e sabem que alguém vai acabar pagando…
A chave é “quantidade”. Se emitir boletos suficiente, sempre tem alguém que vai acabar caindo. É o famoso “se colar, colou”.
2- Falsas premiações
Não importa o quão insignificante e invisível seu negócio seja: Em algum momento, você receberá uma carta (ou um email) dizendo que sua empresa foi indicada para o “Prêmio Top of Mind Mega Bullshit Power Plus”, e você receberá um certificado para pendurar na parede da sua borracharia… mediante uma “módica quantia”.
Dar uma premiação ou um certificado de reconhecimento não é, tecnicamente falando, um “crime”. Nada impediria que eu criasse, por exemplo, um “Certificado André Massaro de Qualidade” e saísse distribuindo para quem eu bem entender.
O problema é que ninguém iria reconhecer esse certificado (nem eu mesmo…). É algo que não tem nenhuma valia junto ao mercado.
Então, basicamente, você vai pagar por um “papel pintado”, que não significa absolutamente nada…
Esse tipo de “golpe” não é um privilégio de nós, brasileiros. Acontece muito fora do Brasil e, em Inglês, é chamado de vanity awards (algo como “premiação de vaidade”).
3- Serviços não solicitados
Este aqui é uma variação do “boleto falso”. Não é propriamente um boleto falso, mas é uma cobrança por um serviço que você não solicitou e que, muito provavelmente, é irrelevante.
Na minha vida como empreendedor (sim, eu tenho um CNPJ), já recebi inúmeros boletos de serviços não solicitados, como serviços de acompanhamento de marca, de “monitoramento do meu site” e outras coisas do gênero.
4- Phishing e roubo de dados
No mundo das empresas, o phishing acontece de forma similar ao que é feito com pessoas físicas.
A pessoa (o empresário ou um funcionário, no caso) recebe um email ou uma mensagem de seu banco, da Receita Federal ou seja lá de quem for (a mensagem é falsa, naturalmente…) pedindo que baixe algum arquivo, ou que visite algum site e insira dados de acesso a contas bancárias e outros serviços.
5- Falsos diretórios
Hoje, com a popularização da internet e dos mecanismos de busca, esse tipo de golpe perdeu um pouco o fôlego.
Mas, antigamente, era muito comum receber um boleto para listar sua empresa nas “páginas amarelas VIP power plus”, no “Guia ‘quem é quem’ dos top influencers do segmento” ou algo do gênero.
A pessoa pagava e, obviamente, sequer sabia se seu negócio havia sido listado em tal diretório (que, frequentemente, nem existia).
6- Falso valuation e falso comprador
Este é um golpe que eu não ouvi falar muito no Brasil, mas sei que é comum em outros países.
É similar ao famoso golpe da “agência de emprego”, que diz que tem um emprego ideal para você, perfeitamente alinhado com seu perfil, mas que você precisa pagar para fazer uma “avaliação psicológica”, ou algo do gênero, para prosseguir no processo de seleção.
O tal emprego dos sonhos, obviamente, não existe e tudo não passa de uma armação para pegar o seu dinheiro.
Nesta variação do golpe, o golpista diz que tem um interessado em comprar sua empresa, mas precisa que você adiante um valor para fazer um “relatório de valuation” (que o golpista faz questão de ressaltar que é apenas uma formalidade, que a decisão de compra já foi tomada, mas sem esse relatório “o banco não libera o financiamento” ou alguma lorota do gênero).
Conclusão
Como em toda “lista de golpes”, esta aqui não é uma lista completa. Existem outros tipos de golpes mais obscuros… e isso para não falar daqueles golpes que ainda não foram criados (a criatividade dos golpistas é infinita…).
Mas todos esses golpes têm uma característica em comum: Eles se apoiam em falta de conhecimento ou em falta de atenção.
A pessoa cai no golpe por não conseguir identificar as características claríssimas de um golpe (falta de conhecimento) ou por fazer as coisas “na correria”, sem atentar aos detalhes (falta de atenção).
Golpes existem “desde que o mundo é mundo” e, infelizmente, não há nenhum indício de que os golpes acontecerão menos no futuro.
A triste realidade é que há muito pouco o que possamos fazer para coibir golpes e golpistas. Mas há MUITO o que fazer para que não sejamos vítimas desses golpes.
Em especial buscar conhecimento (já dizia o ET Bilu…) e PRESTAR ATENÇÃO ao que estamos fazendo…