19/04/2021 • , , • por Andre Massaro

Os milionários e suas múltiplas fontes de renda


Nos Estados Unidos, os milionários têm, em média, sete fontes de renda.

Essa é a conclusão de um artigo publicado em 2014 pelo IRS (Internal Revenue Service – a “receita federal” americana), chamado “Over the Top: How Tax Returns Show that the Very Rich Are Different from You and Me” (de Jenny Bourne and Lisa Rosenmerkel).

É sempre complicado escrever artigos para o público brasileiro baseados em dados americanos, mas “é o que temos para hoje”…

O Brasil é, infelizmente, um país pobre em estudos acadêmicos e em estatísticas que nos deem um retrato confiável de como é a vida financeira do brasileiro.

Então, às vezes, temos que pegar os dados de fora e fazer inferências de que não devem estar tão distantes da realidade do Brasil. Especialmente em um caso como este em que estamos falando de milionários.

Podemos presumir, então, que há mais homogeneidade entre o milionário americano e o milionário brasileiro do que entre o americano médio comum e o brasileiro médio comum.

O estudo aponta que os milionários americanos têm, em média, sete fontes de renda distintas. E, neste artigo, vamos ver quais são essas fontes de renda (e alguns comentários meus sobre essa classificação).

As sete fontes de renda dos milionários

1ª fonte de renda – Renda do trabalho

A primeira fonte de renda é a mais obvia de todas, que é a renda oriunda do trabalho.

Por “trabalho” pode-se entender qualquer coisa: Desde um salário (um emprego bem remunerado), honorários de alguma atividade autônoma, comissões e bônus diversos ou a remuneração que um empresário recebe por seu trabalho (que, aqui no Brasil, seria o pró-labore).

2ª fonte de renda – Renda de dividendos

Dividendos são o lucro de empresas que é distribuído aos seus acionistas, de forma proporcional às ações que possuem.

Aqui, é importante ressaltar que os EUA têm uma cultura de investimentos diferente da nossa, onde os investimentos em renda variável (ações, em particular) são muito mais populares.

Por isso, para eles (americanos), até faz sentido classificar a renda dos dividendos como uma fonte de renda à parte.
A renda oriunda de dividendos pode ser classificada como uma fonte de renda passiva, uma vez que o acionista não precisa “trabalhar” por aquela renda.

Nesta categoria entrariam, também os rendimentos de fundos imobiliários (que, nos EUA, eles chamam de REITsReal Estate Investiment Trusts). Inclusive, nos EUA, os fundos imobiliários são considerados um tipo de investimento essencialmente análogo às ações – mais ainda do que aqui no Brasil.

3ª fonte de renda – Aluguéis

Aluguéis também são uma fonte de renda passiva (mas alguns argumentam, com razão, que pode não ser uma fonte TÃO passiva quando as ações pagadoras de dividendos e os fundos imobiliários).

Imóveis, quando adquiridos de forma direta (ou seja, sem ser através de um fundo) exigem, na maioria das vezes, algum tipo de manutenção e algum envolvimento de seus donos.

Tipicamente, esse envolvimento necessário não é tão intenso ao ponto de descaracterizar o investimento em imóveis como “renda passiva”. Mas, ainda assim, não é tão “plug and play” quanto os fundos imobiliários…

4ª fonte de renda – Patrimônio intelectual

Aqui entram royalties, licenciamentos e outras formas de remunerar a produção intelectual.

É de onde vem a maior parte da renda de artistas, escritores, inventores e criadores de conteúdo em geral.

O patrimônio intelectual também é considerado uma fonte de renda passiva, pois, uma vez que ele é desenvolvido, não se “trabalha” mais. O dono desse patrimônio fica recebendo a remuneração, simplesmente, por permitir que outras pessoas usem aquilo que foi criado.

5ª fonte de renda – Ganhos de capital

É a renda originária da venda de ativos com lucro. Esses ativos podem ser ações, imóveis ou qualquer outra coisa que tenha valor (e que foi vendida por preço maior que o de aquisição).

É controverso classificar ganho de capital como “renda”, pelo menos para outras finalidades que não sejam, puramente, fiscais. Porém, como a classificação é do IRS, não vamos discutir…

Mas “renda” é um conceito que pressupõe que a fonte dessa renda será preservada. Se você “mata a vaquinha leiteira”, deixa de ter renda…

Então, vamos deixar isso como está… Mas, ao menos na minha visão, é completamente fora de propósito considerar a alienação de ativos como “fonte de renda”.

6ª fonte de renda – Lucros de negócios

Aqui é onde entram os lucros de empresas e negócios dos quais a pessoa é sócia.

Mas, aqui, cabe a distinção que estamos falando de empresas de capital fechado ou, então, empresas onde se tem participação relevante. As ações de empresas listadas em bolsa, onde se investe de forma “comum” (sem ter participação relevante) entram em outra categoria (de dividendos).

Apenas lembrando que, ao menos no Brasil, temos uma distinção bem clara da renda que vem de empresas, quando oriunda do “capital” (lucros) e do “trabalho” (pró-labore).

Neste caso, estamos falando, especificamente, da remuneração do CAPITAL.

7ª fonte de renda – Juros

Aqui é onde entra a renda de títulos de renda fixa e outras modalidades de empréstimos.

Lembrando que os títulos de renda fixa (como CDBs, títulos do tesouro etc.) nada mais são que ativos financeiros que representam empréstimos.

Por que eu resolvi escrever este artigo

Uma coisa interessante dos tempos atuais, em que temos a internet amplamente disponível e inúmeras fontes de conteúdo, é como um conteúdo único (e supostamente original) se “propaga” por inúmeros canais, como blogs e mídias sociais.

Eu, ocasionalmente, pesquiso conteúdos estrangeiros para refinar meus próprios conteúdos e desenvolver material adaptado para o público brasileiro.

Inclusive, sobre essa questão das múltiplas fontes de renda, eu tenho um curso que se chama, previsivelmente… MÚLTIPLAS FONTES DE RENDA!


E, em muitos blogs e canais de vídeos americanos sobre finanças pessoais, existem conteúdos falando sobre “as sete fontes de renda dos milionários” – todos eles fazendo referência ao mesmo estudo do IRS e, naturalmente, cada um dando seu “pitaco” no assunto.

Inclusive, muitos desses experts em finanças pessoais já se adiantaram e criaram a “regra” de que, se você quer ser um milionário, PRECISA ter SETE fontes de renda (virou uma espécie de “culto à carga financeiro“).

Só que essas fontes de renda do tal estudo do IRS (e, se você tiver a curiosidade de LER o tal estudo, vai ver que as autoras nem categorizam, explicitamente, dessa forma) são controversas e, em alguns casos, redundantes (ou mesmo sem sentido).

Então, gostaria de fazer minhas considerações a respeito.

Porque eu não concordo com essa classificação de fontes de renda

Então vamos lá:

A minha primeira “bronca” é ter uma única fonte de renda profissional.

Para a maioria das pessoas (e isso vale para alguns desses milionários), a renda profissional é a principal fonte de renda, com um peso desproporcional no orçamento familiar.

A não ser que você tenha uma situação patrimonial MUITO robusta, você não terá uma adequada diversificação de fontes de renda se não diversificar suas FONTES DE RENDA PROFISSIONAL.

Não adianta nada, em termos de gestão de riscos financeiros pessoais, você dizer que tem “sete fontes de renda”, sendo que uma delas é seu salário e representa 90% de sua renda total… Isso e “nada” dá na mesma…

Portanto, para a maioria das pessoas (aqueles que não têm um patrimônio que consiga prover renda passiva suficiente para dar cabo de suas necessidades), é preciso diversificar as FONTES DE RENDA PROFISSIONAIS pois, do contrário, a pessoa está sob risco de uma disrupção financeira caso perca sua fonte de renda principal.

O segundo ponto é sobre a classificação de “ganhos de capital” como renda.

Já fiz minhas considerações quando comentei esse tipo de “renda” na lista das fontes. Considerar ganhos de capital como fonte de renda, a não ser que você seja um trader ou comerciante, é uma coisa, simplesmente, ridícula e sem sentido.

Isso não é gerar renda, e sim depletar patrimônio – “cortar na própria carne”.

O terceiro ponto é sobre ter categorias separadas para ações, imóveis e títulos de renda fixa.

Distribuir o patrimônio nessas categorias é “alocação de investimentos básica”. Qualquer investidor minimamente inteligente que não consiga entender esse conceito não merece o dinheiro que tem.

Então, separar essas classes de investimentos como se fossem “fontes de renda distintas” é algo que, para mim, soa como “forçar a barra” para inflar o número de fontes de renda.

Esses investimentos todos deveriam, na minha visão, estar agrupados em uma única categoria: “investimentos” (e só…).

Classificar da forma proposta acaba dando uma “falsa sensação de segurança”, de que a pessoa tem múltiplas fontes de renda, mas, no conjunto, elas representam muito pouco da renda total (o que indica uma diversificação deficiente).

Se for assim, e poderia ir mais longe que isso e classificar cada ação, de cada empresa, como uma fonte de renda diferente… Mas aí já seria apelar demais!

Por isso, na minha visão, você pode ter uma categoria “investimentos” e, internamente, diversificar sua carteira de investimentos nas diferentes classes de ativos. É algo tão obvio que não deveria ser sequer mencionado…

Inclusive, agora é a hora do meu jabá (afinal, ninguém é de ferro…): Se você quer desenvolver múltiplas fontes de renda de uma forma SEGURA e CONSISTENTE, dando a devida atenção e importância a essa questão da adequada distribuição entre as fontes, conheça o meu curso MÚLTIPLAS FONTES DE RENDA clicando no link abaixo (e conquiste, pra valer, sua liberdade financeira).

    Quer se manter atualizado?

    Assine minha newsletter e fique sabendo, em primeira mão, sobre meus artigos e vídeos. E receba, ainda, conteúdos EXCLUSIVOS.

    Leia também:

    Comente