Operar forex é seguro? Para responder a essa pergunta, primeiramente precisamos definir o que é “segurança” no contexto.
Se o entendimento de “seguro” estiver associado à dinâmica do mercado, a resposta é, simplesmente, NÃO. Forex não é seguro, pois é altamente volátil, as moedas podem fazer movimentações repentinas e imprevisíveis (inclusive por fatores de natureza política) e as pessoas que operam forex nem sempre fazem um uso muito consciente da alavancagem.
Se a ideia de “seguro” estiver associada às questões operacionais, legais e regulatórias (na linha “minha corretora pode sumir com o meu dinheiro?”), aí a resposta é um grande “depende”.
Antes, apenas um “lembrete” do que é forex.
O que é forex – Uma rápida definição
Forex é uma contração abreviada de Foreign Exchange (moeda estrangeira, em tradução livre).
É comum falar em “mercado forex”, mas isso é uma figura de linguagem (que será usada, inclusive, neste artigo). Não existe, tecnicamente falando, um “mercado” forex. Isso porque TODAS as transações do mundo que envolvem moeda estrangeira são consideradas operações de forex.
Quando a China paga o Brasil em dólares pelo minério de ferro que exportamos, é uma transação forex. Quando a Rússia recebe Euros por suas exportações de gás para a Alemanha, é uma transação forex. Quando dois bancos centrais fazem uma transação qualquer, é forex. Quando você vai na casa de câmbio comprar dólares para viajar para a Disney, é forex…
Forex é “tudo isso aí”. Por isso que se diz que o mercado forex é o “maior mercado do mundo”. Mas não há mercado. O que existe é uma formação de preços, em tempo real, baseada em transações que acontecem em múltiplos mercados (muitos deles não organizados).
Essa definição de forex pode parecer uma coisa desnecessária neste artigo, mas ela é fundamental para entender a questão da segurança. Então, anote aí: Por mais que se fale em “mercado forex”, forex NÃO É um mercado.
Como as corretoras de forex funcionam
A coisa, aqui, é complicada. Explicar detalhadamente o funcionamento das corretoras é algo que merece um ou mais artigos (talvez um livro) só sobre isso. Por isso, vou tentar explicar de forma EXTREMAMENTE SIMPLIFICADA e superficial.
Quando uma típica corretora de forex (dessas que atendem a traders “de varejo”) recebe uma ordem, essa ordem não vai para um mercado centralizado e organizado como a bolsa de valores, onde tem um “livro de ofertas” e a ordem fica ali, à espera de um comprador ou vendedor.
Quando a corretora de forex recebe uma ordem, ela faz, geralmente, uma dessas duas coisas:
- Encaminha a ordem através de uma ECN (Electronic Communication Network). Uma ECN é uma rede que conecta, de forma direta, alguns agentes financeiros e instituições financeiras que fazem negócios entre si. Uma ECN acaba funcionando como um pequeno “mercado de balcão” e, quando a corretora opera através de uma (ou mais de uma) ECN, a sua ordem é executada junto a algum dos participantes dessa ECN.
- Ou… A corretora simplesmente não repassa a ordem para lugar nenhum. Aquela transação que você fez (de compra ou de venda) passa a ser uma transação COM a corretora, e não ATRAVÉS da corretora. Ou seja, a própria corretora é a contraparte da sua operação e, para o “mundo exterior”, a sua operação não existe…
Bem… Acho que já dá para perceber que corretoras que operam em ECNs “tendem a ser” mais seguras que aquelas que não repassam ordens (essas são conhecidas, no jargão do mercado, como market makers).
Isso porque uma operação feita em ECN “existiu”. Alguém comprou ou vendeu moedas de outro alguém. No outro caso, a transação só existe entre a corretora e o cliente. O cliente fica totalmente “na mão” da corretora.
O ponto, aqui, não é explorar essa questão de “ECN” ou “não-ECN”, e sim o fato de que não existe um mercado formal, unificado e regulado. Não há uma “CVM do Forex” e qualquer problema que você tiver com a corretora, terá que ser resolvido NO PAÍS da corretora (isso é importante e vai ser melhor explorado a seguir).
O forex e as pirâmides
Forex NÃO É pirâmide. Uma pirâmide é um esquema fraudulento que tem, como objetivo, canalizar dinheiro de “incautos” para ajudar no enriquecimento dos espertalhões.
Porém, é muito comum associar forex com pirâmides. Como o forex é um mercado (olha aí a palavra “mercado”…) desregulado, descentralizado e difícil de ser entendido pelo investidor comum, ele se torna a “cortina de fumaça” perfeita para disfarçar um esquema fraudulento.
É a mesma coisa que acontece com as criptomoedas. Criptomoedas não são pirâmides, mas, pelas suas características, é muito fácil contar uma “conversa fiada” usando-as como fachada para um esquema fraudulento.
Enfim, forex é forex, pirâmide é pirâmide. As pirâmides têm características que as tornam relativamente fáceis de serem identificadas (que ficam fora do escopo deste artigo). Por isso, se você cair (ou já caiu) em uma pirâmide “disfarçada de forex”, ao menos reconheça que caiu em uma armadilha e não saia por aí difamando o forex.
Mas, vamos em frente…
Como escolher uma corretora de forex
A sua segurança, no forex, vai depender, diretamente, da sua escolha de corretora.
Nós já sabemos duas coisas importantes sobre as corretoras de forex. Uma delas é que existem corretoras que fazem operações “de verdade” (via ECNs) e outras não. A outra coisa que sabemos é que uma corretora de forex se subordina à jurisdição onde opera (o país onde ela está).
No primeiro caso, fica fácil… basta dar preferência a uma corretora que opera via ECN.
No segundo caso, a coisa fica um pouco mais complicada, pois é preciso entender um pouco as questões legais e regulatórias do país onde a corretora está.
Aqui, não se deve ter ilusões. O mercado forex é um mercado internacional e, por conta disso, é preciso obter algum conhecimento sobre o ambiente legal e o mercado financeiro de alguns países.
Existem países onde é extremamente seguro operar, onde as corretoras de forex são reguladas pela autoridade financeira local (equivalente à nossa CVM) do mesmo jeito que outras instituições financeiras. Em alguns países, as corretoras de forex são obrigadas, inclusive, a oferecer seguro de depósitos na linha do nosso FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Já em alguns outros países é pura esculhambação. Você pode abrir uma corretora de forex “só no papel”, receber o dinheiro dos clientes e sumir com esse dinheiro, se quiser…
Então, tão ou mais importante que escolher a corretora onde você vai abrir conta, é escolher o PAÍS onde você vai abrir conta.
E essa é uma lição de casa SUA! Não vou, aqui, dizer quais são os melhores ou piores países (até porque essas coisas mudam) para abrir uma conta, mas posso dar uma dica:
Procure países que têm uma certa tradição de mercados financeiros, que são reconhecidos como “praças” financeiras sérias e bem reguladas.
Os países com mercado financeiro mais tradicional são aqueles que, em geral, tem um framework legal e regulatório mais sólido. É o caso dos Estados Unidos, os países da Europa Ocidental, Japão, Canadá, Austrália e alguns outros.
Aí temos países que não têm um mercado tão tradicional e reconhecido, mas que têm uma boa estrutura regulatória (é o caso do Brasil – porém, o Brasil não permite a atuação de corretoras de forex).
E temos, por fim, aqueles países que devem ser evitados a qualquer custo. São aqueles países onde é a “festa do caqui”, com reputação associada a evasão fiscal, lavagem de dinheiro e coisas do gênero. É o caso de algumas ilhotas perdidas no meio do oceano e alguns outros países meio “obscuros”. Nesses países, se você perder o seu dinheiro, é melhor reclamar com o bispo…
Conclusão
Forex não é pirâmide, nem jogatina, nem malandragem e nem picaretagem. É um “mercado” que não é mercado, extremamente complexo e que esconde armadilhas. Porém, pode ser extremamente rentável se você souber o que está fazendo.
Se você pretende operar no mercado forex, atenção à escolha da corretora (como foi visto aqui neste artigo) e minha recomendação final é: Faça as coisas com SERIEDADE.
Forex não é brincadeira. Se você gosta de levar as coisas na brincadeira, vai PERDER DINHEIRO. Se você gosta de pegar atalhos, vai PERDER DINHEIRO. Se você gosta de ir atrás de “dicas” ao invés de estudar, vai PERDER DINHEIRO. Simples assim.
No caso da escolha de uma corretora, pesquise MUITO. Procure se informar sobre as questões legais e regulatórias do país onde pretende abrir conta. Verifique se aquela corretora que você escolheu é regular e se ela se subordina à autoridade financeira daquele país. E se informe de quais são as garantias e proteções que você tem se algo der errado.
Para finalizar, acho que nem precisaria dizer… Mas essas informações não estarão em Português. As autoridades financeiras de alguns países mais “amigáveis” aos investidores estrangeiros costumam colocar essas informações em Inglês, também, em seus sites. Mas não é uma regra e não espere por isso. Talvez você tenha que “se virar” um pouco…
Boa sorte!